*** Texto publicado como exercício acadêmico na disciplina Realidade Escolar e Trabalho Pedagógico, integrante do curso de especialização em Coordenação Pedagógica - UnB
Prof. Gilberto Alves Barbosa
BRASÍLIA
– MAIO/2012
INTRODUÇÃO
O ponto de partida
para as reflexões deste texto foi o vídeo Convivência Escolar – a violência na
escola (TV Escola – MEC). Em dez minutos de projeção somos levados a uma viagem
que nos remete ao nosso cotidiano escolar. Assim, tentar fazer uma reflexão
sobre o tema em duas ou três laudas seria um exercício extenuante e poderia
reduzir a sua importância no contexto educacional.
Isto acontece porque, forçosamente, as situações ali
retratadas nos levam a várias comparações com o nosso cotidiano e deixamos de
ser simples expectadores e passamos a atuar como atores, pois muitos daqueles
fatos ocorreram e ainda continuam a ocorrer em nossas instituições de ensino,
notadamente as da rede pública.
Ai surgem vários questionamentos: se ocorreram e ainda
ocorrem, o que fazer? O que já foi feito, que mudanças provocou na escola e na
vida destes alunos? e na vida do professor? São inúmeras as dúvidas e para
tentar minimizá-las se faz necessário conhecer um pouco de cada um dos atores
deste filme que não tem fim (ainda bem!) e tentar dialogar com os envolvidos
nesta magistral trama que é a convivência escolar.
Para isto temos que perceber e reconhecer que na “sala de
aula existe todo tipo de motivações, de valores e de tensões e que o aluno não deixa
sua “alma” em um armário para vir à aula” (Funes, citado por Antunes et al,
2002).
A convivência diária entre atores com as mais variadas
formações, desejos e expectativas de vida geram conflitos, que fazem parte
importante do cotidiano escolar. Temos apenas que saber que existem escolas com
mais conflitos que outras e que eles precisam ser administrados e daí vem a diferença
entre o sucesso e o fracasso de uma comunidade escolar.
MAS,
QUEM É A NOSSA ESCOLA
Massaguer (citado por Antunes, 2002) nos diz que a
“escola é um ponto de encontro de pessoas de diferentes idades e procedências,
com diferentes papéis e que se influenciam de forma intencional”.
A partir daí podemos dizer que temos um “código” ou sinal
para fazermos a leitura de que escola é esta; que escola queremos ter, que
escola a sociedade espera ter, uma vez que a instituição escolar está inserida
e tem papel de destaque nas instituições sociais. A escola, por seu turno, faz
parte também de contexto administrativo regido por dispositivos legais que
muitas vezes vão de encontro aos anseios de alunos, professores e comunidade
escolar. Mas precisa fazer parte desta rede para sobreviver.
QUEM
É NOSSO ALUNO
O aluno da rede publica de ensino há muito deixou de ser
aquele passivo recebedor da educação bancária, ferozmente combatida por Paulo
Freire, que já antevia e buscava esta mudança em nossos alunos.
O aluno do “Hoje e do Agora” já chega à escola com um
enorme referencial de vida: enfrenta, diariamente, vários desafios para
sobreviver e chegar até a sala de aula. Ele traz também vários saberes, negados
e até mesmo ignorados por muitos educadores, saberes estes que, na maioria das
vezes, precisa ser sistematizado, reorganizado para que possa ser aproveitado
ao máximo.
A atual geração chega à escola “bombardeada e encantada”
com os recursos multimídia que a todo instante lhe é apresentada no contexto
extraescolar: bate-papo com o mundo a um clique, viagens longínquas bastando
mudar um canal e até mesmo enciclopédias e dicionários ao alcance de um
“mouse”, um simples ratinho.
Mas traz também graves conflitos familiares, sociais, e a
dor por uma infância perdida. Mas é característica unânime o sentimento de
querer integrar um grupo social, ser aceito, estimado, ter espaço de lazer e
alegria.
QUEM
É NOSSO PROFESSOR
Como nos ensina
sabiamente Paulo Freire em várias de suas aclamadas obras, “professor é gente”
como a gente, tem seus problemas familiares, sociais, econômicos e também
formação acadêmica nas mais variadas especialidades. Assim como os alunos, ele
também traz para a escola seus anseios, expectativas e também o reflexo de sua
estrutura familiar.
Mas, ao contrário do aluno, ele deve trazer o “saber
sistematizado, organizado”, adquirido ao longo de sua formação acadêmica e
exercício do magistério. Um saber que deve estar pronto para ser compartilhado.
QUEM
É NOSSA COMUNIDADE
Para nossa tristeza, uma grande parcela da atual
comunidade escolar é formada por “desenganados pela magia escolar, possuem uma
visão simplista diferente daquela de outrora, onde acreditavam que a escola
seria a “redentora” da sociedade”. Não que é esta antiga visão da escola seja a
correta. Mas que a abertura dos olhos para o real papel da educação também
tirou um pouco do brilho e da magia esperada com a educação dos filhos.
Hoje, muitas famílias procuram a escola (principalmente
nos anos iniciais, logo a base do sistema educacional!) não em busca do saber
sistematizado, da cultura, mas sim como porto seguro para uma expectativa de
alimentação, um lugar seguro em face da violência doméstica, a que muitas
crianças estão expostas e submetidas. E se tudo vier acompanhado de um pouco de
aprendizagem, muito bem!
Podemos observar este comportamento durante os episódios
de paralisação da categoria dos profissionais da educação. Ao invés de estarem
preocupados com a interrupção do processo pedagógico, com a perda de conteúdo,
ouve-se muito que aquela ação os deixa na mão por não terem com quem ficam os
seus filhos, que não sabem como ocupar o seu tempo, e outras disparidades
mais...
NÃO
UMA CONCLUSÃO, MAS UM REINÍCIO DE CONVERSA...
De posse destas informações, constamos que temos que, a
partir destes exemplos ainda existentes em nossa realidade escolar, buscar as
origens, causas e consequências e refletirmos que educação queremos para os
nossos alunos, nossos filhos, nossa comunidade.
Conhecendo
quem são e quais características possuem nossos atores do universo escolar,
poderemos estabelecer, cientificamente, referenciais bibliográficos que darão
suporte e fundamentação a nossa prática pedagógica.
A
observação da realidade escolar, a partir de critérios rigorosamente
científicos, desprovida de conceitos e preconceitos, permitirá que o educador
retome o seu rumo, que ele encare os conflitos escolares, não como problemas,
mas como objeto de estudo e caminho para a obtenção do sucesso, não apenas na
escola, mas na vida. Que ele sinta prazer em ensinar e que o aluno sinta prazer
em ser companheiro desta jornada.
REFERENCIAS
ANDRÉ, Marli. Pesquisa em
educação: buscando rigor e qualidade. http://www.scielo.br/pdf/cp/n113/a03n113.pdf
acessado entre 30/04 e 06/05/2012.
ANTÚNEZ, Serafim (et al.)
Disciplina e convivência na instituição escolar. Trad. Daisy Va de Moraes.
Porto Alegre, Artmed, 2002.
CASTRO, Wanessa de. Roteiro
de Orientações da Unidade I. Disciplina Metodologia do Trabalho Científico.
Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica, UnB. http://coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/unb/mod/lesson/view.php?id=868
acessado entre 30/04 e 06/05/2012.
MARTINS, Jorge Santos.
Projetos de Pesquisa: estratégias de ensino e aprendizagem em sala de aula.
Armazém do Ipê (Autores Associados), Campinas, SP, 2007.
TV ESCOLA-MEC. Vídeo
Convivência Escolar: a violência na escola, disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20288
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