***"A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E
A QUESTÃO DAS RELAÇÕES DE PODER NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO".
Professor
Gilberto Alves Barbosa, BRASÍLIA
– ABRIL/2012
INTRODUÇÃO:
A escola, notadamente a da rede
pública de ensino, é uma instituição social, onde, historicamente, vem
acontecendo embates, conscientes ou não, visando a “tomada de poder” e a
conquista do topo.
Contudo, por ser uma organização
complexa e multifacetada, esta sua luta, surda e constante, às vezes fica à
deriva em decorrência do momento sócio-político vivido pela sociedade, onde
muitas vezes mudam-se o foco da luta e os agentes interventores.
Ao fazermos a leitura da obra História das Ideias Pedagógicas (Gadotti,
Ática, 2007), observamos que a luta pelo poder na/da escola remonta aos
primórdios da educação. A propor lutar pelo poder sobre a sociedade, os
defensores das correntes autoritárias que fundamentavam a educação concluíram
que a fragmentação, a divisão das tarefas, facilitava o seu domínio.
Esta fragmentação, divisão de
tarefas, ainda existe nos dias atuais, apesar dos movimentos antiautoritários e
progressistas que vieram a contrapor aos grupos então existentes. Gadotti, ao
perceber que apesar de ser uma instituição que vive e sobrevive da prática, do
dia-a-dia, precisava ser repensada, a partir de sua historicidade. Buscou nos
contemporâneos e antigos pensadores a resposta para as suas angustias e
inquietações.
E foi este esforço que possibilitou
conhecer mais profundamente a ‘maquina e engrenagens escolares”, favorecendo a
descoberta do porque e de como aconteciam as “relações de poder na escola. É a
partir deste realidade que produzimos o presente trabalho.
OS
DETENTORES DO PODER NA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL:
A partir da fundamentação
histórico-filosófica feita por Gadotti, podemos identificar os principais
atores da luta no seio da escola pública: a) os gestores, detentores do poder
forma e legal, “amparados e escondidos” pela máquina e estrutura burocráticas:
b) os docentes: detentores do poder exercido pelo conhecimento produzido e
historicamente acumulados; c) os discentes: também detentores de por e alvo
constante da disputa pelos dois primeiros grupos.
Atuando como “catalizador” destes
grupos surge a figura do Professor Coordenador Pedagógico, que nos momentos de
glória do autoritarismo era um especialista educacional nitidamente habilitado
para ser mais um a “manter estável” a instituição educacional, sob a tutela dos
grupos hegemônicos.
Com a chegada de “ares mais
democráticos” e a reorganização da escola, a figura do Coordenador Pedagógico
deixa de ter o perfil de especialista e passa a ocupar importante espaço dentro
da nova estrutura e estratégias educacionais, pois ainda permanecem “fiéis às
suas origens” os cargos de chefia, subordinados à formalidade burocrática do
cargo.
Neste novo momento, social e
político, os professores Coordenadores Pedagógicos, agora “empoderados
constitucionalmente”, passam a serem detentores de um “novo poder oculto”. E
que poderes seriam estes? A mediação do coletivo educacional, a parceria na
construção do Projeto Político Pedagógico, buscando a sua fundamentação nos
saberes e experiências de que são possuidores os diversos segmentos educacionais.
É claro que nem tudo é maravilha
neste cenário. Muitas barreiras precisarão ainda ser derrubadas, entre elas
podemos citar: a necessidade de formar, academicamente, professores para
exercerem a função de coordenadores pedagógicos; a desconfiança dos demais
atores (gestores, docentes, discentes, corpo administrativo e comunidade
escolar); o saber compartilhar a tomada de decisões e divisão igualitária de
poder; a intempestividade nas tomadas de decisões e sobretudo o compreender que
todos são iguais na realidade escolar, apesar de terem mais diferentes, pois
somente assim poderão ser compartilhados erros e acertos.
E será da capacidade de liderança,
da sensibilidade em saber aproveitar o “timing” deste novo momento, que está
garantido o poder de atuar, ativamente, na construção do projeto político
pedagógico da escola, como instrumento de rompimento das tradicionais formas de
poder existentes no locus educacional.
CONCLUINDO...
Pelas considerações acima, podemos
dizer que está “surgindo e se firmando um novo poder na instituição
educacional”: o professor Coordenador Pedagógico. Que se pensarmos em termos de
futuro, definirá a “extinção” os especialistas como hoje vem atuando e sendo
formados nas instituições acadêmicas.
Que se quisermos manter e conservar
os “ares democráticos” até agora conquistados, este “novo poderoso” deverá
manter o perfil de constante formador, pesquisador e sobretudo, exercer
plenamente os princípios democráticos dentro da escola.
REFERÊNCIAS:
CASTRO, Magali de. Um
estudo das relações de poder na escola pública de ensino fundamental à luz de
Weber e Bourideu: do poder formal, impessoal e simbólico ao poder explícito. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-25551998000100002&tlng=en&lng=en&nrm=iso.
Acessado entre 09 e 15/04/2012.
GADOTTI,
Moacir. História das Ideias Pedagógicas. Ática, São Paulo: 1997.
PIMENTA, Selma
Garrido. Questões sobre a organização do trabalho na escola.http://www.varzeagrande.mt.gov.br/sitepmvg/control/Anexos/100e3a62a59b5bad3942a28df3151327.pdf–
acessado entre 09 e 15/04/2012
TRAGTENBERG, Mauricio.
Relações de poder na escola. http://www.espacoacademico.com.br/007/07trag_escola.htm.
Acessando entre 09 e 15/04/2012
VASCONCELLOS, Celso dos S.
Coordenação do Trabalho Pedagógico- do projeto político pedagógico ao cotidiano
da sala de aula. Libertad, São Paulo: 2007.
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