quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A Coordenação Pedagógica e a questão das relações de poder na organização do trabalho pedagógico


***"A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E A QUESTÃO DAS RELAÇÕES DE PODER NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO".
  
 Professor Gilberto Alves Barbosa, BRASÍLIA – ABRIL/2012

INTRODUÇÃO:
            A escola, notadamente a da rede pública de ensino, é uma instituição social, onde, historicamente, vem acontecendo embates, conscientes ou não, visando a “tomada de poder” e a conquista do topo.
            Contudo, por ser uma organização complexa e multifacetada, esta sua luta, surda e constante, às vezes fica à deriva em decorrência do momento sócio-político vivido pela sociedade, onde muitas vezes mudam-se o foco da luta e os agentes interventores.
            Ao fazermos a leitura da obra História das Ideias Pedagógicas (Gadotti, Ática, 2007), observamos que a luta pelo poder na/da escola remonta aos primórdios da educação. A propor lutar pelo poder sobre a sociedade, os defensores das correntes autoritárias que fundamentavam a educação concluíram que a fragmentação, a divisão das tarefas, facilitava o seu domínio.
            Esta fragmentação, divisão de tarefas, ainda existe nos dias atuais, apesar dos movimentos antiautoritários e progressistas que vieram a contrapor aos grupos então existentes. Gadotti, ao perceber que apesar de ser uma instituição que vive e sobrevive da prática, do dia-a-dia, precisava ser repensada, a partir de sua historicidade. Buscou nos contemporâneos e antigos pensadores a resposta para as suas angustias e inquietações.
            E foi este esforço que possibilitou conhecer mais profundamente a ‘maquina e engrenagens escolares”, favorecendo a descoberta do porque e de como aconteciam as “relações de poder na escola. É a partir deste realidade que produzimos o presente trabalho.
OS DETENTORES DO PODER NA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL:
            A partir da fundamentação histórico-filosófica feita por Gadotti, podemos identificar os principais atores da luta no seio da escola pública: a) os gestores, detentores do poder forma e legal, “amparados e escondidos” pela máquina e estrutura burocráticas: b) os docentes: detentores do poder exercido pelo conhecimento produzido e historicamente acumulados; c) os discentes: também detentores de por e alvo constante da disputa pelos dois primeiros grupos.
            Atuando como “catalizador” destes grupos surge a figura do Professor Coordenador Pedagógico, que nos momentos de glória do autoritarismo era um especialista educacional nitidamente habilitado para ser mais um a “manter estável” a instituição educacional, sob a tutela dos grupos hegemônicos.
            Com a chegada de “ares mais democráticos” e a reorganização da escola, a figura do Coordenador Pedagógico deixa de ter o perfil de especialista e passa a ocupar importante espaço dentro da nova estrutura e estratégias educacionais, pois ainda permanecem “fiéis às suas origens” os cargos de chefia, subordinados à formalidade burocrática do cargo.
            Neste novo momento, social e político, os professores Coordenadores Pedagógicos, agora “empoderados constitucionalmente”, passam a serem detentores de um “novo poder oculto”. E que poderes seriam estes? A mediação do coletivo educacional, a parceria na construção do Projeto Político Pedagógico, buscando a sua fundamentação nos saberes e experiências de que são possuidores os diversos segmentos educacionais.
            É claro que nem tudo é maravilha neste cenário. Muitas barreiras precisarão ainda ser derrubadas, entre elas podemos citar: a necessidade de formar, academicamente, professores para exercerem a função de coordenadores pedagógicos; a desconfiança dos demais atores (gestores, docentes, discentes, corpo administrativo e comunidade escolar); o saber compartilhar a tomada de decisões e divisão igualitária de poder; a intempestividade nas tomadas de decisões e sobretudo o compreender que todos são iguais na realidade escolar, apesar de terem mais diferentes, pois somente assim poderão ser compartilhados erros e acertos.
            E será da capacidade de liderança, da sensibilidade em saber aproveitar o “timing” deste novo momento, que está garantido o poder de atuar, ativamente, na construção do projeto político pedagógico da escola, como instrumento de rompimento das tradicionais formas de poder existentes no locus educacional.
CONCLUINDO...
            Pelas considerações acima, podemos dizer que está “surgindo e se firmando um novo poder na instituição educacional”: o professor Coordenador Pedagógico. Que se pensarmos em termos de futuro, definirá a “extinção” os especialistas como hoje vem atuando e sendo formados nas instituições acadêmicas.
            Que se quisermos manter e conservar os “ares democráticos” até agora conquistados, este “novo poderoso” deverá manter o perfil de constante formador, pesquisador e sobretudo, exercer plenamente os princípios democráticos dentro da escola.

REFERÊNCIAS:
CASTRO, Magali de. Um estudo das relações de poder na escola pública de ensino fundamental à luz de Weber e Bourideu: do poder formal, impessoal e simbólico ao poder explícito. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-25551998000100002&tlng=en&lng=en&nrm=iso. Acessado entre 09 e 15/04/2012.
GADOTTI, Moacir. História das Ideias Pedagógicas. Ática, São Paulo: 1997.
PIMENTA, Selma Garrido. Questões sobre a organização do trabalho na escola.http://www.varzeagrande.mt.gov.br/sitepmvg/control/Anexos/100e3a62a59b5bad3942a28df3151327.pdf– acessado entre 09 e 15/04/2012
TRAGTENBERG, Mauricio. Relações de poder na escola. http://www.espacoacademico.com.br/007/07trag_escola.htm. Acessando entre 09 e 15/04/2012

VASCONCELLOS, Celso dos S. Coordenação do Trabalho Pedagógico- do projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula. Libertad, São Paulo: 2007.
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