*** Texto publicado como exercício acadêmico na disciplina Currículo, Cultura e Ambiente Escolar, integrante do curso de especialização em Coordenação Pedagógica - UnB
Prof. Gilberto Alves Barbosa
BRASÍLIA – JULHO/2012
INTRODUÇÃO
Para abordamos como pode acontecer a convivência de uma
instituição de ensino com as normas e diretrizes que regulam a educação básica,
faz-se necessário o estabelecimento de alguns conceitos, que, por nossa opção
buscamos junto ao Dicionário Escolar da Língua Portuguesa Aurélio Junior
(Ferreira, 2011)
a) Diretriz: “linha reguladora de um caminho...”; b) Norma: “aquilo que se estabelece como
base ou medida para a realização ou avaliação de algo”; c) Parâmetros: “todo elemento cuja variação de valor modifica a
solução dum problema sem lhe modificar a natureza”;
Tal
procedimento se justifica pela abordagem histórica que faremos a seguir.
A
LEI 9394/1996 – LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
Após duas décadas de convivência com mecanismos
ditatoriais e quase que o mesmo prazo da última grande reforma educacional, e
apenas oito anos do início do processo de redemocratização do pais, com a
promulgação da Carta Magna em 1988 (Constituição Federal,1988), foram
promovidas discussões nos mais variados setores da educação brasileira, com o
objetivo de promover, sob novo olhar, a reestruturação do setor.
Foi a partir da instituição deste documento legal, que o
estado procurou garantir ao cidadão um currículo único para o país, sugerindo
princípios norteadores que levassem a uma educação de qualidade. Dentre estes
princípios (Lei 9394/1996-LDBEN) estão o direito a uma educação básica, de
qualidade, universalizada e concebida como direito básico (Pereira e Teixeira,
2007), bem como a obrigatoriedade dos profissionais da educação de participarem
dos momentos de seu planejamento, execução e acompanhamento. É a partir desta lei que são instituídos
parâmetros e diretrizes para a educação nacional.
PARÂMETROS
CURRICULARES NACIONAIS
Os “conhecidos PCNs” (grifo nosso) foram
elaborados no período de 1995 a 1998, tendo sido um importante passo para a
instituição de uma política nacional de educação, apesar de muito combatidos
pela forma como foram elaborados, situação esta já abordada por inúmeros
autores.
Os parâmetros educacionais, segundo Cury (2002), eram
propostas de conteúdo, distribuídos em várias áreas do conhecimento, e que
traziam como grande inovação (grifo
nosso) a inserção de temas relevantes ao processo educacional, denominados
Temas Transversais.
A partir da sua implantação ocorreram grandes debates em
todos os setores e sistemas de ensino e a maioria das escolas participou deste
processo como “ouvintes” (grifo
nosso) e não como coparticipantes do processo, uma vez que eram considerados
apenas como os “executores”.
DIRETRIZES
CURRICULARES
A partir das discussões que aconteceram nos mais setores
educacionais, o Conselho Nacional de Educação julgou necessário estabelecer, sempre
a partir dos PCNs, diretrizes que pudessem garantir a sua real implantação,
fixando conteúdos mínimos a serem trabalhados na educação básica (LÜDKE, 1999,
apud Bonamino, 2002), resguardando a importância e necessidade das instituições
educacionais construírem suas propostas pedagógicas à luz dos PCNs e das
diretrizes curriculares estabelecidas.
CURRÍCULOS
E PROPOSTAS PEDAGÓGICAS NO DISTRITO FEDERAL
Acompanhando os “ares
democráticos” (grifo nosso) e contestadores do momento vivido, o Distrito
Federal começou a implantar e implementar a sua proposta pedagógica. Apesar do chamamento feito, poucos se
mobilizaram para participar deste momento, buscando criar novas concepções de
educação, uma vez que estas mudanças sempre estiveram “atreladas” (grifo nosso) ao momento político vivido e nunca tinham
sido implantadas como políticas públicas de educação.
Em nossa análise, podemos distribuir a concepção destas
propostas educacionais nos seguintes períodos: a) 1985 a 1998 – a
proposta pedagógica implantada no DF adotava princípios fundamentados na Teoria
Crítico Social dos Conteúdos, a partir do estudos de Libâneo, Gadotti, Saviani,
Paulo Freire e outros renomados educadores; b) 1990 a 1995 – deu-se continuidade à proposta pedagógica
anteriormente estabelecida, mas notando-se um “esmorecimento” (grifo nosso) por parte dos dirigentes educacionais
em seguir esta linha; c) 1995 a 1998 – com
um governo considerado de esquerda, revolucionário, foi proposto e implantado
um novo currículo e uma proposta pedagógica que ficou conhecida como “Escola Candanga”. Os profissionais
lotados nas escolas também foram chamados a participarem deste momento. d) 1999 a 2002 – um novo governo, mais
à direita, consequentemente um currículo mais conservador, apesar de serem
mantidos os eixos estabelecidos pelas parâmetros e diretrizes nacionais. e) 2002 a 2010 – o currículo e a
proposta pedagógica até então utilizadas passou por tentativas de atualização e
reorientação nos seus eixos estruturadores. Apesar do chamamento à participação
dos profissionais da educação, o que ficou marcado foi a “terceirização” na elaboração das propostas para o setor
educacional. f) 2010 em diante...
começa uma nova fase na educação do DF, com um governo considerado democrático
e inovador. Os profissionais da educação foram chamados a construir um novo
currículo para as escolas públicas do DF, sendo que, em várias regionais de
ensino, aconteceram plenárias para discutir o momento, a partir dos pressupostos estabelecidos pela
equipe do governo local.
ORGANIZAÇÃO
CURRICULAR NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO
Não obstante os vários chamamentos feitos à participação
da comunidade escolar, para a discussão e elaboração das propostas pedagógicas
a serem adotadas nas escolas públicas, pouco tem sido o envolvimento dos profissionais
da educação, principalmente nos momentos de “coordenação pedagógica” (grifo
nosso), onde podem ser construídos novos pilares educacionais.
Tem se observado, apesar de muitas instituições já
estarem com discussões acaloradas e avançadas, que ainda se discute apenas o
“conteúdo a ser dado” (grifo nosso) e não os princípios que deveriam nortear o
trabalho pedagógico.
CONCLUSÃO
Com base na leitura dos textos que dão suporte a
disciplina Currículo, Cultura e Conhecimento Escolar, constante do curso de
especialização em Coordenação Pedagógica, podemos dizer que é realmente
importante a concepção de uma proposta curricular nacional que sirva de
referencia para as propostas estaduais.
É a partir deste referencial que as instituições
educacionais irão produzir suas proposta pedagógicas, seus projetos
políticos-pedagógicos, valorizando cada vez mais a pluralidade de seus membros,
construindo e dando sentido ao fazer pedagógico.
Não podemos também deixar de lado a importância da
participação dos profissionais da educação neste processo de mudança, pois é a
partir de sua prática, de sua vivência diária, que devem ter início as mudanças
a serem implantadas.
REFERENCIAS
FERREIRA,
Aurélio
Buarque de Holanda. Aurélio Júnior: dicionário escolar da língua portuguesa.
Coordenação de Marina Baird Ferreira e Margarida dos Anjos. 2a.edª- Curitiba:
Positivo, 2011.
GADOTTI,
Moacir.
Concepção dialética da educação: um estudo introdutório. São Paulo: Cortez,
1988.
LIMA, E. S. Indagações sobre currículo: Currículo e desenvolvimento humano.
Organização do documento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia
Ribeiro do Nascimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Básica, 2008. 56 p. (p.17-23). Disponível em http://coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/unb/file.php/5/moddata/data/251/277/327/LIMA_E._S._Indagacoes_sobre_curriculo_Curriculo_e_desenvolvimento_humano.pdf
e acessado entre 20 e 24/06/2012
SCHEIBE, Leda; BOMBASSARO, Ticiane.
O papel do currículo como espaço de
formação humana. In: Universidade
Federal de Pernambuco/Coordenação de Educação a Distância da UFPE. Curso de
Pós-Graduação Lato Sensu em
Coordenação Pedagógica. Coordenação Sala ambiente currículo, cultura e
conhecimento escolar. (p.7-9), disponível em http://coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/unb/file.php/5/moddata/data/251/277/325/O_papel_do_curriculo_como_espaco_de_formacao_humana.pdf
e acessado no período de 20 a 24/06/2012
VASCONCELOS, Celso dos S. Coordenação
do Trabalho Pedagógico - do trabalho político-pedagógico ao cotidiano da sala
de aula. São Paulo: Libertad, 2007.
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